Região Serrana (RJ) - A semana será marcada pela atuação de um bloqueio atmosférico em vários níveis da atmosfera.
Em baixos níveis, teremos a atuação da ASAS (Alta Subtropical do Atlântico Sul), que direciona ventos úmidos do oceano para o continente, mas que, em seu centro, funciona como uma “tampa” estabilizadora, mantendo a atmosfera seca e estável.
Em médios e altos níveis (500 hPa a 200 hPa), haverá o predomínio de uma crista (alta pressão alongada), que inibe a ascensão do ar em larga escala. No início da semana, o VCAN (Vórtice Ciclônico de Altos Níveis), posicionado sobre o Brasil Central, influencia de forma fraca o Noroeste Fluminense, mas sua atuação é rapidamente suplantada pela expansão da crista a partir de quarta-feira (24/12).
Esse empilhamento de sistemas de alta pressão (ASAS + crista) cria uma zona de subsidência (movimento descendente do ar) sobre o estado. Esse processo comprime e aquece o ar, dissipa nuvens de grande desenvolvimento vertical e impede a organização de sistemas frontais ou de baixas pressões significativas. Por isso, a previsão indica tempo estável, com predomínio de sol e rápida elevação das temperaturas a partir de terça-feira (23/12).
Apesar do bloqueio, alguns modelos indicam risco de tempestades isoladas em partes do estado. O mecanismo responsável é a convecção típica de verão. O forte aquecimento solar aquece a superfície, criando bolsões de ar quente e úmido, alimentados pela ASAS. A energia disponível (CAPE) se acumula na atmosfera, representando grande instabilidade potencial (alta energia termodinâmica).
No período mais quente do dia (tarde), o ar aquecido torna-se menos denso e consegue romper, localmente, a inibição causada pela subsidência, iniciando uma ascensão vigorosa. Essa ascensão rápida (correntes ascendentes) condensa a umidade e forma nuvens de tempestade (cumulonimbus), capazes de produzir chuva forte, raios, rajadas de vento e, eventualmente, granizo em pontos muito específicos. Essas células convectivas serão isoladas, de curta duração (minutos a poucas horas) e tendem a se dissipar com o fim do aquecimento solar, durante a noite.
Detalhamento por dia
Quarta-feira (24/12) a sexta-feira (26/12)
O bloqueio estará totalmente consolidado, com a crista dominando todos os níveis da atmosfera, inclusive sobre o Noroeste Fluminense. Paradoxalmente, isso aumenta o risco de tempestades muito isoladas, pois garante céu aberto e aquecimento solar intenso (máxima geração de instabilidade), concentra a umidade em baixos níveis (ventos úmidos da ASAS confinados) e estabelece uma forte subsidência, que cria um “tampão” atmosférico (inversão térmica). Quando esse tampão é rompido pela convecção, toda a instabilidade acumulada pode ser liberada de forma explosiva.
As tempestades tendem a surgir primeiro em áreas de orografia favorável (Serra do Mar e Serra da Mantiqueira, especialmente no dia 24/12), onde o relevo força a ascensão do ar. Nos dias seguintes (25 e 26/12), a convecção pode se espalhar para vales e baixadas (Centro, Sul e Baixadas), à medida que a massa de ar se torna instável em uma área mais ampla.
Natal (25/12)
Este será o dia com a combinação mais favorável de fatores: bloqueio firme, vários dias consecutivos de aquecimento, pico de energia termodinâmica e elevada umidade. Esses elementos favorecem tempestades mais frequentes, intensas e com maior cobertura espacial, ainda que de forma isolada.